quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O deserto


Em um final de semana prolongado (4 dias) decidimos dirigir até Marfa. Marfa é uma cidade no oeste do Texas, no meio do deserto. A população é de pouco menos de 2.000 habitantes.

A cidade surgiu em 1880 como uma parada para abastecer os trens com água. Em 1971, o artista Donald Judd se mudou de Nova York para lá, em busca de um lugar sem restrições espaciais em que pudesse instalar suas grandes esculturas. Ele comprou alguns ranchos e prédios na região e criou uma fundação, a Chinati Foundation.

Hoje a fundação tem 10 prédios em Marfa, e sua fama atraiu artistas e galeristas, além de outras fundações. Atualmente, a cidade é um ponto turístico improvável.

Nos arredores de Marfa foi filmado Assim Caminha a Humanidade, mais recentemente, No country for old men e There will be blood.

A viagem de carro leva em média dez horas. Ou seja, passamos metade do tempo dirigindo; uma boa parte, no deserto.
Para mim, o deserto do Texas - é o único que conheço - é o lugar mais bonito do mundo.


Estou lendo um livro chamado Blue Highways: a Journey into America, em que o autor conta sua viagem pelas estradas secundárias (blue highways) dos Estados Unidos. Nesse momento ele está atravessando o deserto, e este trecho do livro me chamou a atenção e me fez publicar essas fotos:

Por quase cem milhas a oeste de Eldorado, nem uma única vila. Era o Texas que algumas pessoas, quando a cruzam, vêem como uma área devastada, infértil, a parte que elas posteriormente descrevem no bar do hotel como "nada." Elas dizem, "não há nada por lá."

[...] Dizer que não há nada por lá é incorreto; dizer que o deserto é econômico com tudo, exceto com espaço e luz, pedra e terra, é mais próximo da verdade.


Gramados verdejantes, jardins floridos, areia branca e água cristalina, tudo isso é mesmo muito bonito. O deserto, por outro lado, não é bonito e nem pretende ser: ele se esconde, tímido, revelando o céu. E por isso é fascinante.